quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Qual é seu tempero?





Logo que surgiu a Globalização mundial, começou-se a cogitar a possibilidade de uma massificação de cultura. Política, economia e costumes se difundiriam e tornariam o mundo homogêneo. Mas tchãram, estamos em 2011 e o que os cientistas sociais e economistas viram, foi um firmamento de cada cultura. Ou seja, apesar de haver tido misturas percebíveis, influências notáveis entre povos diferentes, o contato entre a massa provocou o contrário do que se esperava. Ao invés de se seguir um padrão em comum na grande rede, os povos entre si fortificaram seu estilo de vida, se delinearam ainda mais, afirmando sua própria identidade.

E a diversidade tomou conta dessa Terra Gigante.

O que a Shakira tem a ver com isso? Shakira pra mim é um ícone, porque é Colombiana, tem uma voz marcante, diversificou seu trabalho em diversos rumos, compõe, canta, dança, tem parcerias com Carlos Santana (um dos melhores guitarristas do mundo), com a musa Beyoncé, canta em espanhol, inglês, era morena, virou loira, é sexy mesmo sendo completamente natural e mesmo abragendo tanto seu trabalho, tem uma identidade incontestável. Shakira é marca própria dela mesma. Coloca seu tempero em cada coisinha que faz, ela não é só uma artista que encena o personagem, tipo Avril Lavigne fazendo tipinho de rockeirinha star revoltada. Shakira é a própria personagem.

E é com essa idéia que sigo a minha vida, colocando eu em cada pequeno gesto. Dando a minha cara para as coisas que produzo. Dando o meu jeito em tudo que toco. Todos deveriam criar e inventar seus próprios personagens, para servirem a si mesmo e seus desejos mais íntimos, para serem lembrados por onde quer que passem. E ser por inteiro, não é se fechar em um quadrado e ficar repetindo as mesmas coisas de sempre, como Chico Buarque em sua sequência parecidíssima de canções (eu amo o cara, mas compare-o com Caetano e veja quanta coisa genial Caetano fez em estilos diferentes). Ser por inteiro é conseguir fazer diversas coisas, até que inusitadas para seu estilo, e mesmo assim, conseguir colocar o seu tempero!


"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.

Põe quanto és
No mínimo que fazes
Assim em cada lago a lua toda brilha
Porque alta vive." (Fernando Pessoa)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Renasço

Podar árvores nem sempre é bom, mas às vezes ela renasce mais verde, mais viva.

Em 2010 eu passei pela maior crise de toda a minha vida, bad trip do cacete, crise de identidade, síndrome do pânico, falta de confiança em mim mesma, questionamentos pesados sobre meus costumes e maneiras, enfim, uma mistura de pensamentos desordenados ligada à minha personalidade. Me desconstruí por completo, no cenário frio e de céu cinza da linda cidade de Curitiba.
E toda essa crise foi essencialmente maravilhosa pra re-despertar a vibração Lis que nasceu há 19 anos atrás. A crise foi muito intensa, mas, ah! TUDO PASSA. E passou.
E o que sobrou, foi uma força enorme brotando no final desse ano, eu redescobrindo o prazer que sempre tive em ser eu mesma, em dançar estranhamente, em comer minha carne gordurosa sem peso na consciência do dever de ser vegetariana para ser uma pessoa mais pura. Redescobri o valor de ser humana, de xingar alguém sem ficar dias me culpando, porque eu não sou Jesus. Em mentir um pouquinho pra contornar uma situação. Em rir alto com as minhas frens e dançar ela é puro êxtase. Em fumar meu Free fresh mint sem crizar se eu sou pouco evoluída. Parei mesmo de ligar se os outros estão falando de mim, sem mania de perseguição. O que é a vida meu irmão? Há quem diga que é um divino mistério profundo, e eu não vou ficar esquizofrenizando tentando saber os grandes segredos ocultos. Pra mim a vida agora é afirmação, reafirmação nessa Terra, porque me jogaram aqui e não me disseram o que eu vim fazer, então eu só posso seguir minha intuição. Ressurgiram aqui dentro os desejos que carrego desde menina, e eles trouxeram o prazer de viver, que é conquistar aquilo que a gente almeja. Não vou mais ter medo de errar, eu mesma vou mover cada pedra que precisar pra trilhar o meu caminho, e ele pode até ser curto, mas vai ser cheio de peripécias. Não procuro mais a religião que me complete, porque ela não existe, minha religião vai ser a mesma de Zeca Baleiro, o Prazer. E não o prazer assim, por si só, mas sim o prazer que liberta da preocupação e dos sofrimentos.

É nesse ritmo que começo 2011, daqui de Curitiba, a altiva cidade mais cinza do Brasil, onde afloraram os medos, e as questões, e aqui de volta por outro motivo, vi que é aqui mesmo que encerro o amedrontamento da vida. A razão da minha vida sou eu mesma e não por ser egoísta, mas sim por querer dar o melhor de mim a quem cruzar meu caminho! Vou fazer só o que eu quiser. 2011 mais Lis do que nunca. 2011 muito mais sorrisos à vida em forma de agradecimento, porque já vi como conquistá-la, a vida adora agradecimentos, e oh, ela recompensa viu...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Faz sentido?

"Destino diz respeito a ordem natural estabelecida do universo. Geralmente é concebido como uma sucessão inevitável de acontecimentos provocados ou desconhecidos. O destino é muito usado para tentar explicar o absurdo dos acontecimentos existenciais(...)" - Wikipédia.

O destino é o milagre da vida. É como você planeja alguma coisa e ela sai completamente às avessas, e no avesso encontra sentido incrivelmente plausível pro que aconteceu. Conhecer uma pessoa que você nunca cruzaria na vida se não fosse naquele instante, conversar e sentir no olhar que ela pode te entender. É quando o Universo se encarrega, sem você fazer nenhum esforço, de organizar a cena perfeita, com direito à trilha sonora. É a razão querer dizer alguma coisa, e a intuição deixá-la de bico calado, e você de repente se sentir num filme, estrelado por você mesmo e alguém especial. É quando o tempo não diz nada, absolutamente, ele só anda no ritmo certo. É quando você acha que não vai rever aquela pessoa, e a internet te manda uma surpresa. É quando ligações que não são de parentesco, que muito menos são escolhidas, que não fazem sentido, ligações invisíveis que se unem inexplicavelmente, começam a fazer sentido apenas quando acredita-se nesse tal de destino, e nas tramas incertas dessa vida mais do que louca. Agora o que você faz com o que o destino te deu, é completamente subjetivo...

Fantasia


"A Arte existe porque a vida não basta" Ferreira Goulart.

Ui, e deve ser um saco viver sem fantasias. Pensei nisso viajando na estrada, nos dois sentidos (para mim não há situação mais propícia para devanear livremente do que numa estrada sinuosa, com uma paisagem exuberante e o verde deixando a mente mais limpa). Então quando eu estava chegando em Vênus, o motorista ficava fazendo observações terrenas, e comentários que só podiam sair de uma psique sem imaginação alguma pra pensar em alguma coisa mais além. Tipo: "Olha aquele chevette, se chegar na praia é muita sorte." "Olha o nome daquela lanchonete", "Olha, as placas das estradas desses catarinenses são muito confusas". Putzzzzz...
E isso se seguiu até a praia, e até a volta. E eu sempre nas alturas, me acostumei com as interrupções, e ficava calada, até que ele se incomodou com o meu silêncio e perguntou a causa dele, e eu só pude dizer: "você fala demais..."
Depois desse episódio entendi pq essa pessoa assiste tanto à tv, e só conversa sobre noticiários, e acontecimentos banais.

Em certas horas da vida é indispensável que você esteja inteiramente concentrado no aqui, no agora, no momento. Mas é indispensável também que você consiga flutuar em pensamentos, fantasiar, criar cenas, acontecimentos, criar e só. Escapar da própria razão e ter um refúgio secreto dentro da cabeça onde você possa ficar só, com seus planos e desejos mais secretos. E posso até estar sendo incompreensiva, mas não concebo a idéia de alguém que não mergulhe in fantasy.