sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Néctar dos Deuses



Estavam no nirvana
Ou estavam no inferno
Cada um no seu instinto
Cada um no seu interno
Eram formas de vida
Espíritos e intenções
Risadas e choros
Tormento ou canções
Tudo isso refletindo
Nas tais das mirações.
De tarde eram as nuvens,
Eram risadas, tudo luz
A noite veio traiçoeira
Trazendo a sombra que induz
É a peleja do diabo com o dono do céu
Em cada pessoa de procedimento
Em cada lamento palavras de sal
Dualidade, yin yang, é o bem ou é o mal
Tudo insatisfaz
Aos olhos tudo é feio
Barulho incomoda
Abre então o olho terceiro
Depois vem inteligência,
Você pára, você pensa
Então tudo faz sentido
E a paz é entender
Encontra o ponto de equilíbrio
Não fora, dentro do ser
A noite já não apavora
Foi dor, foi aprender
As estrelas sintonizam
Agora, cada brilho é amor
Flutuando em silêncio
Tudo calmo e sem temor
Agora é tudo leveza
Só vê beleza, não inspira o horror
Palavras nunca traduzirão
O que de Deus existe dentro de você?
Ayahuasca vibrations
Só quem viveu pode saber

Rimando em homenagem, porque foi aí que eu vi que a vida é MUITO MAIS!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Medo, só de barata.

"Para mim é tão simples que a vida deva ser vivida perigosamente. É preciso exercitar a rebelião. Recusar-se a ficar preso a regras. Recusar o próprio sucesso. Recusar-se a se repetir. Ver cada dia, cada ano, cada idéia como um verdadeiro desafio. E então você vai viver a vida em uma corda bamba." (Philippe Petit)


Philippe, é o doidinho aí da foto. Foi o cara que atravessou os 60 metros que separavam as torres gêmeas sem qualquer equipamento de segurança. O cara tinha 24 anos, planejou tudo em 6 meses com a ajuda de amigos, conseguiu subir lá sem ser notado e quando deram conta, ele já tava era no meio da corda. Não satisfeito, o francês foi e voltou 8 vezes e ainda deu uma deitadinha pra platéia lá embaixo que estava vendo a marmota. Li em algum lugar uma frase que dizia: "quem quase morre, está vivo. Quem quase vive, já está morto." Essa é a grande delícia de viver sem medo, porque a morte é inevitável, mas a vida não. A morte chega na hora certa, mas a vida é você quem faz, e pô, qual a graça de viver 1/2 vivo? Era isso que o grande Philippe queria dizer para o mundo, o negócio é mandar o medo pra casa do caralh* e Enjoy the life o/

Texto dedicado à Paula, à Aninha (mulher-macho-sim-senhor), e a todas as pessoas que não têm medo de se jogar.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Egotrip

A viagem interior é, talvez, a mais longa jornada dos auto-questionadores. Alguns acontecimentos na minha vida, um tanto instensos, digamos de passagem, foram determinantes pra que eu pudesse mergulhar dentro de mim mesma e do meu próprio self. Eis que em certa parte me encontrei meio esquizofrênica. "Os místicos e os esquizofrênicos encontram-se no mesmo oceano; enquanto o místico nada, o esquizofrênico se afoga." E eu nadava como uma sereia nesse grande oceano, me deslumbrei centenas de vezes, virei bruxa, maga, profeta, psiconauta, argonauta, feiticeira, filósofa, cultuadora da lua, do sol e de mim mesma. Descobri a positividade em conceito e prática, e assim virou minha religião, a religião do amor. Mas teve uma hora em que me assustei com alguma coisa, e essa coisa puxou outra e outra, e mais outra.. Famosa lei da atração e eu entrei na rede negativa, me afoguei e me assustei milhares de vezes, olhava pra mim mesma como uma coisa ruim, que não estava evoluindo, me critiquei e meus modos terrivelmente, quis morrer em certa hora. Sentia sempre que tinha alguém olhando pra mim, me vigiando. Nenhuma música soava bem aos meus ouvidos. Eu senti medo do invisível, vi tantos rostos no escuro, tive medo de ficar só. Provei o fruto da culpa, e esse é o pior sentimento que se pode ter. Tudo que eu havia feito era pecado, que eu estava suja, que tinha que me libertar, me limpar, que essa terra era ruim demais, quantas vezes chorei pra Deus pra me tirar disso daqui. Eu sabia que se continuasse nesse rumo precisaria de ajuda, o problema é que você nessas horas tem que encontrar um firmamento sozinho, sua mãe não vai entender, porque a princípio não há nada de errado com você, seus amigos não vão escutar, porque você está viajando, e então só você vai saber o que se passa dentro da sua cabecinha. Eu tentava fugir de todos os lugares, e mais ainda do único lugar que eu não podia fugir, nem nunca poderei: dos meus próprios pensamentos. Eu fiquei estática. Minha única fuga era a faculdade, que me preenchia como nada mais o conseguia fazer. Eu me sentia ruim, simplesmente porque eu estava negativa, tive medo até de que as pessoas me tocassem e sentissem isso em mim. Eu não conseguia explicar pras pessoas, e isso me deixava ainda mais aflita.
Mas porra, eu sempre soube nadar muito bem, como é que eu tô me afogando brother? Eu me toquei que não sou JESUS, que ele, claro, é o que devemos seguir, mas com calma, e não é nessa vida ainda que eu vou conseguir. Com muita labuta se anda pra frente, e a única forma de não caminhar pra frente, é não viver, é estagnar, justamente o que eu estava fazendo, dando pause na vida. Ora, eu num vim foi pra aprender? Então se joga doida. Mas eu tava mesmo era com medo de errar. Ah, mas eu não vou me afogar, jamais, eu aprendi a nadar foi no mar bixão. Então as crianças de novo sorriram pra mim, e o sol beijou a minha pele, e deu brilho aos meus cabelos. A lua me abençoa e me faz mulher a cada ciclo - again. Tirei dos meus olhos as teias e eles puderam ver o belo outra vez, como eu tinha esquecido da beleza desse céu? Agora basta pra mim eu e o vento batendo em meu rosto. Voltei a dançar, e minhas moléculas todas entraram em sincronia. Deus está comigo agora, sempre esteve, mas agora o deixo entrar. Eu tenho muito carinho pra dar, redescobri o meu valor, o valor das minhas palavras, o valor de ser quem eu sou. De precisar das coisas, pra saber que não preciso. A positividade voltou a me alicerciar, e eu não vou parar. O mundo tá aí, as coisas tão aí, o que importa é o jeito de olhar. Sou eu que decido sobre as coisas agora, não mais elas sobre mim. Bom dia gente, que eu estou a DESPERTAR.
A Bad trip é perigosa, mas não deixa assim de ser valiosa e lucrativa, num é que foi ela que me fez ver o valor da luz. E sabe o que me sustentou em toda essa escura jornada? O grande sentimento de que Deus ainda era por mim.







Orai e vigiai!

domingo, 7 de novembro de 2010

"Cada um no seu quadrado"



Sabe qual o problema de ficar adulto? De acordo com seus problemas e experiências você vai racionalizando tudo, e tirando conclusões sobre tudo. E vai relacionando vivências passadas a coisas ruins, pra poder não sofrer aquilo de novo. O GRANDE problema mesmo não é tirar conclusões em si, e sim achar que aquilo tem um formato mundial, que serve pra todos, que você é o grande dono da verdade. Claro, num grupo de amizades, onde o ambiente é o mesmo, se compartilham as mesmas filosofias de vida, geralmente as grandes sacadas servem de alguma coisa, claro, é um mesmo padrão. Foda é quando se quer dar uma opnião e nem se leva em conta a configuração de vida da outra pessoa, o que ela imagina sobre o mundo, porque cada um tem seu mundo, a física quântica explica isso. Tipo: aquela bobagem de livro dos sonhos e seus significados, já li muito, só que o que tem algum significado pro meu inconsciente, pode ter algum significado completamente diferente pro de outra pessoa.
Maravilhoso compartilhar com algum amigo suas grandes sacadas de sagacidade, mas no fundo, no fundo, é aquela parada do homem tentando encaixotar as emoções, colocar em potinhos pra poder manuseá-las, manipula-las. Coisa pequena, tá que nosso ego quer se dar bem numa maioria de vezes e somos induzidos a criar essas regrinhas que facilitam, FODA é achar que essa regra vale pro mundo inteiro. Viseira de burro. Tanta gente no mundo e como as pessoas pensam que suas verdades dariam certo com outro ser. Todo mundo quer relatar suas conclusões, mas ninguém quer escutar. Porra, antes de ficar dando um monte de conselho inútil, dá pra pelo menos escutar o lado da pessoa? O difícil facilitário do verbo ouvir. A arte de ouvir é parte importantíssima das relações, por isso o mundo tá tão assim. Sorte de quem aprendeu a escutar, e a cada vez escuta alguém com ouvido e processamento mental - não só com o ouvido, lapida o senso de alteridade, de que o próximo não é uma extensão de você mesmo e sim OUTRA pessoa com vivências e emoções diferenciados e cargas sentimentais completamente diferente das suas.

Já dizia Matanza:

Desconheço quem tenha razão
Acho perda de tempo qualquer discussão
Em defesa daquilo que o serve
Muito se fala, pouco se escreve
Há quem saiba o que ninguém mais sabe
E quem veja o que ninguém mais vê

Quem leva a sério o quê?
Quem quer saber de que?
Quem pode me dizer
Como exatamente todo mundo deveria ser

Coerência na persuasão
Pré-estabelecida está a conclusão
Se eu falar sobre o que não entendem
Poucos escutam, muitos se ofendem
A verdade é que não há verdade
Tudo é porque não há não ser



"A paz não precisa ser um sonho, basta o respeito mútuo eu suponho.." E esse respeito tem que ser mostrado com as pessoas que convivem ao nosso redor, que é de onde começa nossas relações sociais. É aquela coisa, se sabe conversar, vai conseguir interagir com qualquer pessoa desse mundo pô, mas se só quer falar de si, melhor a parada de cada um no seu quadrado, cada macaco no seu galho e pronto. Acho incrível o quadrado mágico, que coloquei até na imagem, todas as somas das linhas dão resultados iguais, mas têm sempre números diferentes. O ser humano é igual apenas em uma coisa, na capacidade de ser diferente, mas o resultado que busca é sempre igual: FELICIDADE. Mas na real, tem muita gente é falando merda, e se achando muito sagaz!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

"O bom humor faz de tudo tolerável..."


Num é que é.. As pessoas acabam rindo das misérias, fazendo piadas dos desastres, transformam tudo em humor negro, fazendo do ruim da vida um motivo pra gargalhar. Por um momento até que admirei isso nos brasileiros, estão sempre fudidos, mas sempre achando graça dessa fudilância. Mas não é que o povo se conforma, deixa de correr atrás, se conforma com as violências, com a falta de paciência, com a falta de educação, com a corrupção, com as insanidades. Os programas policiais do nordeste sensacionalizam total, e quantas vezes eu mesma não assisti rindo daquela miséria? E quando eu comecei a ficar séria, pensei por várias vezes: porra, tô perdendo a graça de viver, olho pras coisas e acho tudo errado, não dou mais risada, me apaguei pra vida. Louca que nada, só abri o meu olho, porque eu odeio a inércia, eu detesto o conformismo, eu acho que a mudança só parte de quem vê o lado ruim das coisas mesmo, questionar é necessário. A risada é pra equivaler ao pranto de ontem, mas o mundo que eu almejo, tem poucas lágrimas. Descobri que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero...

domingo, 17 de outubro de 2010

Metáfora

Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: "Lata"
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: "Meta"
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudo-nada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora.

Gilberto Gil
_


Para explicar o mundo abstrato, metaforize. Não entender o reflexo do real, porém traduzir o real. O que seriam dos poetas sem a criatividade da metáfora? Acho que foi da necessidade de traduzir os sentimentos que nasceu a metáfora. Explicar por coisas que acontecem do lado de fora, o que se passa aqui dentro, ou pelo menos chegar o mais perto possível. Como mostrar o invisível? É o ornamental do conhecimento, a arte da tradução. Então viva a metáfora, e aos que têm a capacidade de entender o fogo que arde sem se ver...

domingo, 10 de outubro de 2010

As palavras e a Lua.


Um monge aproximou-se de seu mestre - que se encontrava em meditação no pátio do Templo à luz da lua - com uma grande dúvida:

"Mestre, aprendi que confiar nas palavras é ilusório; e diante das palavras, o verdadeiro sentido surge através do silêncio. Mas vejo que os Sutras e as recitações são feitas de palavras; que o ensinamento é transmitido pela voz. Se o Dharma está além dos termos, porque os termos são usados para defini-lo?"

O velho sábio respondeu:" As palavras são como um dedo apontando para a Lua; cuida de saber olhar para a Lua, não se preocupe com o dedo que a aponta."

O monge replicou: "Mas eu não poderia olhar a Lua, sem precisar que algum dedo alheio a indique?"

"Poderia," confirmou o mestre, "e assim tu o farás, pois ninguém mais pode olhar a lua por ti. As palavras são como bolhas de sabão: frágeis e inconsistentes, desaparecem quando em contato prolongado com o ar. A Lua está e sempre esteve à vista. O Dharma é eterno e completamente revelado. As palavras não podem revelar o que já está revelado desde o Primeiro Princípio."

"Então," o monge perguntou, "por que os homens precisam que lhes seja revelado o que já é de seu conhecimento?"

"Porque," completou o sábio, "da mesma forma que ver a Lua todas as noites faz com que os homens se esqueçam dela pelo simples costume de aceitar sua existência como fato consumado, assim também os homens não confiam na Verdade já revelada pelo simples fato dela se manifestar em todas as coisas, sem distinção. Desta forma, as palavras são um subterfúgio, um adorno para embelezar e atrair nossa atenção. E como qualquer adorno, pode ser valorizado mais do que é necessário."

O mestre ficou em silêncio durante muito tempo. Então, de súbito, simplesmente apontou para a lua.


Tam Hyuen Van

~

Viva à lua, e às palavras.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Refutando a libertinagem, pelos olhos de um cão


Passam os vira-latas de rua na frente aqui de casa, e meus filhos (cachorros), ficam tão ouriçados. Hoje parei pra reparar nisso, eles do portão, olhando aquele vira-lata com a sagacidade da rua, andando bem livre, cheirando tudo ao redor, mijando em qualquer poste. E me questionei se não seria muita arbitrariedade querer engaiolar em um terreno os animais, se eu estaria sendo injusta com meus amores. Resolvi deixar Nick do lado de fora, pra ver até onde ele ia, nem atravessou a rua, o medroso, e chorou querendo entrar de volta. Eu teria deixado ele bobo?
Aí que voltando agora caminhando, vi o preço da liberdade nos olhos de um cão. Aquele olhar me parecia triste, solitário, me pedindo um afago que fosse. Vale ser livre, e não ter um dono pra brincar com você? Que te dê carinho. Que fique falando que nem criança quando chega perto de você (eu falo assim com meus filhos, e daí?). Vale conhecer o mundo afora e não ter um aconchego, um porto seguro? Os olhos daquela criaturinha me disseram que não vale não.
Lembrei de uma teoria de Mauss sobre presentes, e que ele toma os presentes como princípios da relação. Dar, receber e retribuir. Claro, que você pode não dar, não receber de bom grado, e não retribuir, mas isso gera conseqüências. Ora, se é tão bom dar, receber e retribuir, porque não o fazemos isso em todas as relações sociais, o mundo seria tão melhor. Simples. É só ter gosto em dar, receber e retribuir. Eu vestia a camisa da liberdade, e a tinha como filosofia, questionava tudo que achasse arbitrário, PORQUE QUEREM ME OBRIGAR A FAZER (OU NÃO FAZER) TAL COISA, e por birra ia lá e fazia (ou não fazia). E não é que eu acabava às vezes não dando, nem recebendo com entusiasmo, ou não retribuindo. Aquela velha sede de quebrar as regras, as leis, pregar o anarquismo (sem mesmo conhecer os princípios políticos de tal ideologia), fazer parte dos seres “livres”. Livres mesmo, ou escravos de ideologias sem fins para o bem comum? Detentos do consumo da fuga.
Gente que tem o medo das relações amorosas, por não saber dar, receber e retribuir. Os fugitivos da satisfação de outrem. O egoísmo de não se adaptar aos costumes de alguém. E eu que pensava que ia ser da filosofia de vida Liberté pra toda a vida, agradeço por ter a quem satisfazer, por ter casa e por ter mãe, pelos laços formados e firmados a cada presente. É que eu olhei nos olhos daquele cãozinho arruaceiro e me identifiquei de cara. Por quantas noites me senti tão solitária, sem ter com quem conversar besteira, e contar minhas fantasias. Por quantas noites minha trilha sonora foi Lágrimas e Chuva do Kid Abelha. E todas aquelas esquinas do mundo que eu conheci nunca me preencheram. E todos aqueles companheiros da ideologia libertina nunca me ligaram. E eu realmente tantas vezes gozei da sensação de não ter que dar satisfações pra ninguém. Mas os cachorros de rua conhecem todos os cantos, e praticam o sexo no meio da rua, não têm dono, nem ficam trancados num terreno, mas dormem com olhar de abandonados os livres cachorros de rua.