quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Sobre amar à distância

Desde pequena aprendi sobre a distância. Me tiraram da minha Bahia pra me levar pro lugar mais longe possível do mapa. Me tiraram muitas coisas, mas a que mais me doía era a distância da minha família. Eu só tinha quatro anos, mas lembro nitidamente dos natais, seguidos dos finais de ano, o último dia de carnaval e do chororô de lei no aeroporto. Uma vez, amarrei uma fitinha rosa do Senhor do Bonfim assim que cheguei em Salvador, era abril e eu ia passar meu aniversário na casa da minha avó, lembro até da roupa que usei e de como a mesa estava arrumada, mal eu sabia que seria o único desde que eu vim pra Roraima. No último dia da viagem, enquanto eu tomava banho pra ir pro aeroporto, arrancava desesperadamente a fitinha com o dente, na esperança boba de criança que tinha pedido pra não voltar, pra que algum milagre acontecesse que fizesse com que não fosse pra longe dos meus. Mas não deu certo, e eu fui e voltei tantas vezes. Aprendi a amar o lugar que a vida escolheu pra mim. O tempo foi passando e eu vi muita gente ir e vir. Minhas melhores amigas da infância foram estudar fora, uma amiga foi pros States e nunca voltou, outra foi pra Colômbia, outra continuou morando no mesmo bairro que eu, mas às vezes as voltas que a vida dá deixam a gente tão distante mesmo tão perto. E assim eu aprendi um viver de saudade e um amar de distância. Talvez por essas indas e vindas, encontros e reencontros, minha memória tenha sido tão bem treinada pra gravar cores e imagens, brisas e cheiros, temperos e sabores, lugares em cartões postais, memórias e meus amores. Como o cheiro do vento quando bate nas amendoeiras de Itaparica e do sorvete de manga da casa de veraneio de minha avó. O cheiro da moqueca no fogo... O cheiro do mar batendo na varanda de Vilas, o cheiro da pele da minha outra avó. O cheiro do beijo da minha dinda, e como é deitar no colo de minhas primas-irmãs. Como é familiar vendo minha tia Livinha beber um café e rir comigo me chamando de Liliu. Como quando fui visitar minha amiga na Colômbia e sua família gargalhava em español, e o gosto da arepa. E de pequena me lembro correndo na beira do Igarapé cristalino da água boa, e como aquela criançada não tinha medo de nada. Do meu melhor amigo Nicinho que me deixou sem os conselhos masculinos pra cursar publicidade e surfar nas ondas de Natal. Das tardes baseadas em reggae até o pôr-rosa-do-sol. Do Marcelo Veloso e a gargalhada de cada minuto quando tô com ele, por que o cara só quer saber de ficar andarilhando pelo mundo e guardando tralha. De Curitiba eu sei mais nomes de ruas do que daqui de Boa Vista, lembro do meu vazio e da minha solidão. De cada pessoa incompatível que puxei conversa sobre o tempo, por precisar falar com alguém, lembro das duas garotas de vidas diferentes que se juntaram comigo por muitas saídas e de tanta falta de troca de ideia que hoje ninguém se fala mais. O centro, o frio no rosto e as batidas que eu nunca tinha ouvido antes. E o cheiro do moletom de quem me acolheu e de quem eu fugi. Da minha Pana, e cada detalhe que eu apresentei a ela de Roraima e Venezuela, e noites loucas de um encontro no Paraná. Duas partes da minha alma moram agora em Manaus e o que me resta são contatos cibernéticos, lembranças e pores-do-Sol, de tão pouco tempo que temos quando estamos juntas, o momento fica tão intenso que parece mágico.
Por isso eu aprendi a amar por palavras no telefone, por menos presença e mais declaração. Por aniversários ausentes e presentes recebidos em atraso, por viver algo e lembrar de quem eu queria que estivesse comigo. Daquela velha frase: "Isso é a cara de ..." Talvez por amar em ausência conheci um amor que é mais essência do que toque. Talvez eu esteja sendo apenas poética, mas aprendi a amar cada tiquinho de coisa que deixaram em mim e obter uma certeza de que quando houver um reencontro a intimidade vai estar ali, prontinha pra fazer tudo acontecer como sempre foi. É como se eu tivesse um dispositivo na mente, só de começar a pensar a lembrança vem forte, vem com um olhar, vem nos exatos trejeitos de quem eu recordo, eu podia reconhecer mãos e pés de cada ser que eu amo. E talvez essa minha alma que tem sede de lugares tenha vindo mesmo pra viver de chegadas, encontros e partidas. Quem sabe eu não vim pra aprender a amar de longe, a morrer de despedida e ressucitar de saudade. A acordar pela saudade, a dormir de tanto pensar em saudade, e trabalhar pela vontade de matar essa saudade fixada em mim...

terça-feira, 12 de junho de 2012

Relativo

Vão te dizer pra fazer o que der na telha, sempre seguir a intuição. Vão dizer pra ser racional, pra pensar sempre antes de escutar o coração. Eu prefiro a teoria do Einstein, de que tudo é relativo!
Não ouço mais frases prontas, não sigo conselhos, nem ouço alguém que não é como eu gostaria de ser.
De todas essas filosofias que estive procurando por muito tempo, a do Foda-se eu acho a mais legal. Mas não dá pra mandar tudo se lascar, até porque não combina nem um pouco com a minha preocupação de ser pacífica, política e poder evoluir sempre.
Estar em uma situação que requer escolha emocional ou racional é tão difícil quanto aprender japonês em braile. Mas não é uma escolha binária (essa ou aquela, preto/branco, on/off) que vai gerar o melhor resultado, pelo menos não pra mim. Acho que a reflexão que compreende o sentimento e o sentidos práticos, acrescentados com as experiências já vividas, as possíveis consequências, e as vontades para o futuro que vão conseguir pesar num resultado positivo.
Há mais ou menos duas semanas venho pulando do racional pro sentimental e nada consegui concluir enquanto fazia dos dois adversários. Quando comecei a relativizar, analisar as perspectivas, consegui ficar tranquila e inclusive esperar que se alguém quiser mudar o rumo dessa história que seja o tempo. Logo eu que nunca consigo esperar muito pacientemente as situações se resolverem por si mesmas.
Tô muito orgulhosa da minha prudência, já que não fiz o que tinha vontade - como me disseram pra fazer. Não exclui meu sentimento, como me aconselharam a fazer e nem fiquei me remoendo diante das possibilidades e do incomodo do "se" ;)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Be a human


Gosto de gente que levanta questões que me ponham pra refletir, dialética, discussão. São essas pessoas que me trazem os insights mais incríveis. Enfim, a questão que foi levantada era a seguinte: Como seria se você descobrisse que a sua felicidade corresponde à tristeza, do mesmo tamanho e intensidade, de outrem? E ai se seguiu uma mini-discussão facibookiana (ainda há gente com conteúdo na vertigem da página inicial). Achei interessante uma colocação do Luiz de que "usamos muito essa assunção coletiva de que "somos humanos e por isso mesmo erramos" para justificar um bocado de besteiras que fazemos. É como um álibi evolutivo, quase científico", e é isso mesmo, as pessoas geralmente não sentem culpa, justificam suas insanidades, a falta de racionalidade, impulsividades e CAGADAS pelo fato de serem humanas. Eu geralmente justifico minhas cagadas pensando "pô, eu tava bêbada.." auehuaehue.. Enfim, o mundo podia ser melhor se nós sentissemos que temos mais carga do que achamos que temos né? Óbvio, todo mundo tá precisando de uma injeção de SIMANCOL.
Mas hoje, eis que me deu um plim sinistro observando algumas pessoas no aeroporto. Passou uma mulher de olhar cabisbaixo, coluna torta, como quem carrega o mundo nas costas. Típico de quem tem alguma ligação com problemas depressivos, ansiedade e pânico. Reconheço de longe, até porque já experimentei um pouco desse sufoco. E lembrei de certos pensamentos que me trouxeram de volta à realidade, à tranquilidade e à paz de espírito - essa que me faz ficar ao ócio sem me torturar de culpa depois. Um desses pensamentos que me fizeram não precisar de um terapeuta pra me tirar dessas questões metafísicas foi o próprio: Eu sou humana.
Encontrei por acaso uma vez um Exu, essas incorporações do candomblé -até hoje me questiono se realmente era verdade, ou uma encenação e tal, mas que ele viu algo em mim que estava lá por dentro ele viu e me disse: "Menina, pára de achar que pode carregar o mundo nas costas, você está caminhando, não pense que pode pular etapas". E hoje isso faz muito sentido pra mim. Apesar de carregarmos nossas responsabilidades, é importantíssimo o fato de sabermos e aceitarmos nossas margens, nossas capacidades e nossos limites. O mundo precisa mesmo de gente consciente, mas essa consciência pode se tornar uma pedra pesada, e nesse caso, a pessoa consciente se torna mais um peso inútil se arrastando pela Terra, procurando dentro de seu quintal onde perdeu o trevo de quatro folhas que lhe dava sorte e sentido ao mundo, e esquecendo que há o mundo inteiro lá fora. Uma pessoa que podia dar o seu melhor pro mundo (mesmo cometendo erros), mas ficou ali por dentro vigiando seu cisne negro esquecendo de olhar para fora. Não percebendo que nesse mundo, só podemos ser, sendo. E o motivo? Não admitiu o fato de que, tcharãm: É humana.

Luiz, um kiss!

quarta-feira, 30 de março de 2011

The world is mine

O mundo é muito grande.
Para as cabeças muito pequenas.





"I believe in the feeling, all the pain that you left to die, believe in believing, in the life that you give to try... The world is mine!" (Guetta)


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O medo cega os nossos sonhos


"Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido. Pensar é transgredir."

Lya Luft


Corajoso não é uma pessoa livre de medos. É aquela pessoa que apesar de todo medo entranhado vai lá e age, pega o touro pelos chifres.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Qual é seu tempero?





Logo que surgiu a Globalização mundial, começou-se a cogitar a possibilidade de uma massificação de cultura. Política, economia e costumes se difundiriam e tornariam o mundo homogêneo. Mas tchãram, estamos em 2011 e o que os cientistas sociais e economistas viram, foi um firmamento de cada cultura. Ou seja, apesar de haver tido misturas percebíveis, influências notáveis entre povos diferentes, o contato entre a massa provocou o contrário do que se esperava. Ao invés de se seguir um padrão em comum na grande rede, os povos entre si fortificaram seu estilo de vida, se delinearam ainda mais, afirmando sua própria identidade.

E a diversidade tomou conta dessa Terra Gigante.

O que a Shakira tem a ver com isso? Shakira pra mim é um ícone, porque é Colombiana, tem uma voz marcante, diversificou seu trabalho em diversos rumos, compõe, canta, dança, tem parcerias com Carlos Santana (um dos melhores guitarristas do mundo), com a musa Beyoncé, canta em espanhol, inglês, era morena, virou loira, é sexy mesmo sendo completamente natural e mesmo abragendo tanto seu trabalho, tem uma identidade incontestável. Shakira é marca própria dela mesma. Coloca seu tempero em cada coisinha que faz, ela não é só uma artista que encena o personagem, tipo Avril Lavigne fazendo tipinho de rockeirinha star revoltada. Shakira é a própria personagem.

E é com essa idéia que sigo a minha vida, colocando eu em cada pequeno gesto. Dando a minha cara para as coisas que produzo. Dando o meu jeito em tudo que toco. Todos deveriam criar e inventar seus próprios personagens, para servirem a si mesmo e seus desejos mais íntimos, para serem lembrados por onde quer que passem. E ser por inteiro, não é se fechar em um quadrado e ficar repetindo as mesmas coisas de sempre, como Chico Buarque em sua sequência parecidíssima de canções (eu amo o cara, mas compare-o com Caetano e veja quanta coisa genial Caetano fez em estilos diferentes). Ser por inteiro é conseguir fazer diversas coisas, até que inusitadas para seu estilo, e mesmo assim, conseguir colocar o seu tempero!


"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.

Põe quanto és
No mínimo que fazes
Assim em cada lago a lua toda brilha
Porque alta vive." (Fernando Pessoa)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Renasço

Podar árvores nem sempre é bom, mas às vezes ela renasce mais verde, mais viva.

Em 2010 eu passei pela maior crise de toda a minha vida, bad trip do cacete, crise de identidade, síndrome do pânico, falta de confiança em mim mesma, questionamentos pesados sobre meus costumes e maneiras, enfim, uma mistura de pensamentos desordenados ligada à minha personalidade. Me desconstruí por completo, no cenário frio e de céu cinza da linda cidade de Curitiba.
E toda essa crise foi essencialmente maravilhosa pra re-despertar a vibração Lis que nasceu há 19 anos atrás. A crise foi muito intensa, mas, ah! TUDO PASSA. E passou.
E o que sobrou, foi uma força enorme brotando no final desse ano, eu redescobrindo o prazer que sempre tive em ser eu mesma, em dançar estranhamente, em comer minha carne gordurosa sem peso na consciência do dever de ser vegetariana para ser uma pessoa mais pura. Redescobri o valor de ser humana, de xingar alguém sem ficar dias me culpando, porque eu não sou Jesus. Em mentir um pouquinho pra contornar uma situação. Em rir alto com as minhas frens e dançar ela é puro êxtase. Em fumar meu Free fresh mint sem crizar se eu sou pouco evoluída. Parei mesmo de ligar se os outros estão falando de mim, sem mania de perseguição. O que é a vida meu irmão? Há quem diga que é um divino mistério profundo, e eu não vou ficar esquizofrenizando tentando saber os grandes segredos ocultos. Pra mim a vida agora é afirmação, reafirmação nessa Terra, porque me jogaram aqui e não me disseram o que eu vim fazer, então eu só posso seguir minha intuição. Ressurgiram aqui dentro os desejos que carrego desde menina, e eles trouxeram o prazer de viver, que é conquistar aquilo que a gente almeja. Não vou mais ter medo de errar, eu mesma vou mover cada pedra que precisar pra trilhar o meu caminho, e ele pode até ser curto, mas vai ser cheio de peripécias. Não procuro mais a religião que me complete, porque ela não existe, minha religião vai ser a mesma de Zeca Baleiro, o Prazer. E não o prazer assim, por si só, mas sim o prazer que liberta da preocupação e dos sofrimentos.

É nesse ritmo que começo 2011, daqui de Curitiba, a altiva cidade mais cinza do Brasil, onde afloraram os medos, e as questões, e aqui de volta por outro motivo, vi que é aqui mesmo que encerro o amedrontamento da vida. A razão da minha vida sou eu mesma e não por ser egoísta, mas sim por querer dar o melhor de mim a quem cruzar meu caminho! Vou fazer só o que eu quiser. 2011 mais Lis do que nunca. 2011 muito mais sorrisos à vida em forma de agradecimento, porque já vi como conquistá-la, a vida adora agradecimentos, e oh, ela recompensa viu...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Faz sentido?

"Destino diz respeito a ordem natural estabelecida do universo. Geralmente é concebido como uma sucessão inevitável de acontecimentos provocados ou desconhecidos. O destino é muito usado para tentar explicar o absurdo dos acontecimentos existenciais(...)" - Wikipédia.

O destino é o milagre da vida. É como você planeja alguma coisa e ela sai completamente às avessas, e no avesso encontra sentido incrivelmente plausível pro que aconteceu. Conhecer uma pessoa que você nunca cruzaria na vida se não fosse naquele instante, conversar e sentir no olhar que ela pode te entender. É quando o Universo se encarrega, sem você fazer nenhum esforço, de organizar a cena perfeita, com direito à trilha sonora. É a razão querer dizer alguma coisa, e a intuição deixá-la de bico calado, e você de repente se sentir num filme, estrelado por você mesmo e alguém especial. É quando o tempo não diz nada, absolutamente, ele só anda no ritmo certo. É quando você acha que não vai rever aquela pessoa, e a internet te manda uma surpresa. É quando ligações que não são de parentesco, que muito menos são escolhidas, que não fazem sentido, ligações invisíveis que se unem inexplicavelmente, começam a fazer sentido apenas quando acredita-se nesse tal de destino, e nas tramas incertas dessa vida mais do que louca. Agora o que você faz com o que o destino te deu, é completamente subjetivo...

Fantasia


"A Arte existe porque a vida não basta" Ferreira Goulart.

Ui, e deve ser um saco viver sem fantasias. Pensei nisso viajando na estrada, nos dois sentidos (para mim não há situação mais propícia para devanear livremente do que numa estrada sinuosa, com uma paisagem exuberante e o verde deixando a mente mais limpa). Então quando eu estava chegando em Vênus, o motorista ficava fazendo observações terrenas, e comentários que só podiam sair de uma psique sem imaginação alguma pra pensar em alguma coisa mais além. Tipo: "Olha aquele chevette, se chegar na praia é muita sorte." "Olha o nome daquela lanchonete", "Olha, as placas das estradas desses catarinenses são muito confusas". Putzzzzz...
E isso se seguiu até a praia, e até a volta. E eu sempre nas alturas, me acostumei com as interrupções, e ficava calada, até que ele se incomodou com o meu silêncio e perguntou a causa dele, e eu só pude dizer: "você fala demais..."
Depois desse episódio entendi pq essa pessoa assiste tanto à tv, e só conversa sobre noticiários, e acontecimentos banais.

Em certas horas da vida é indispensável que você esteja inteiramente concentrado no aqui, no agora, no momento. Mas é indispensável também que você consiga flutuar em pensamentos, fantasiar, criar cenas, acontecimentos, criar e só. Escapar da própria razão e ter um refúgio secreto dentro da cabeça onde você possa ficar só, com seus planos e desejos mais secretos. E posso até estar sendo incompreensiva, mas não concebo a idéia de alguém que não mergulhe in fantasy.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Néctar dos Deuses



Estavam no nirvana
Ou estavam no inferno
Cada um no seu instinto
Cada um no seu interno
Eram formas de vida
Espíritos e intenções
Risadas e choros
Tormento ou canções
Tudo isso refletindo
Nas tais das mirações.
De tarde eram as nuvens,
Eram risadas, tudo luz
A noite veio traiçoeira
Trazendo a sombra que induz
É a peleja do diabo com o dono do céu
Em cada pessoa de procedimento
Em cada lamento palavras de sal
Dualidade, yin yang, é o bem ou é o mal
Tudo insatisfaz
Aos olhos tudo é feio
Barulho incomoda
Abre então o olho terceiro
Depois vem inteligência,
Você pára, você pensa
Então tudo faz sentido
E a paz é entender
Encontra o ponto de equilíbrio
Não fora, dentro do ser
A noite já não apavora
Foi dor, foi aprender
As estrelas sintonizam
Agora, cada brilho é amor
Flutuando em silêncio
Tudo calmo e sem temor
Agora é tudo leveza
Só vê beleza, não inspira o horror
Palavras nunca traduzirão
O que de Deus existe dentro de você?
Ayahuasca vibrations
Só quem viveu pode saber

Rimando em homenagem, porque foi aí que eu vi que a vida é MUITO MAIS!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Medo, só de barata.

"Para mim é tão simples que a vida deva ser vivida perigosamente. É preciso exercitar a rebelião. Recusar-se a ficar preso a regras. Recusar o próprio sucesso. Recusar-se a se repetir. Ver cada dia, cada ano, cada idéia como um verdadeiro desafio. E então você vai viver a vida em uma corda bamba." (Philippe Petit)


Philippe, é o doidinho aí da foto. Foi o cara que atravessou os 60 metros que separavam as torres gêmeas sem qualquer equipamento de segurança. O cara tinha 24 anos, planejou tudo em 6 meses com a ajuda de amigos, conseguiu subir lá sem ser notado e quando deram conta, ele já tava era no meio da corda. Não satisfeito, o francês foi e voltou 8 vezes e ainda deu uma deitadinha pra platéia lá embaixo que estava vendo a marmota. Li em algum lugar uma frase que dizia: "quem quase morre, está vivo. Quem quase vive, já está morto." Essa é a grande delícia de viver sem medo, porque a morte é inevitável, mas a vida não. A morte chega na hora certa, mas a vida é você quem faz, e pô, qual a graça de viver 1/2 vivo? Era isso que o grande Philippe queria dizer para o mundo, o negócio é mandar o medo pra casa do caralh* e Enjoy the life o/

Texto dedicado à Paula, à Aninha (mulher-macho-sim-senhor), e a todas as pessoas que não têm medo de se jogar.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Egotrip

A viagem interior é, talvez, a mais longa jornada dos auto-questionadores. Alguns acontecimentos na minha vida, um tanto instensos, digamos de passagem, foram determinantes pra que eu pudesse mergulhar dentro de mim mesma e do meu próprio self. Eis que em certa parte me encontrei meio esquizofrênica. "Os místicos e os esquizofrênicos encontram-se no mesmo oceano; enquanto o místico nada, o esquizofrênico se afoga." E eu nadava como uma sereia nesse grande oceano, me deslumbrei centenas de vezes, virei bruxa, maga, profeta, psiconauta, argonauta, feiticeira, filósofa, cultuadora da lua, do sol e de mim mesma. Descobri a positividade em conceito e prática, e assim virou minha religião, a religião do amor. Mas teve uma hora em que me assustei com alguma coisa, e essa coisa puxou outra e outra, e mais outra.. Famosa lei da atração e eu entrei na rede negativa, me afoguei e me assustei milhares de vezes, olhava pra mim mesma como uma coisa ruim, que não estava evoluindo, me critiquei e meus modos terrivelmente, quis morrer em certa hora. Sentia sempre que tinha alguém olhando pra mim, me vigiando. Nenhuma música soava bem aos meus ouvidos. Eu senti medo do invisível, vi tantos rostos no escuro, tive medo de ficar só. Provei o fruto da culpa, e esse é o pior sentimento que se pode ter. Tudo que eu havia feito era pecado, que eu estava suja, que tinha que me libertar, me limpar, que essa terra era ruim demais, quantas vezes chorei pra Deus pra me tirar disso daqui. Eu sabia que se continuasse nesse rumo precisaria de ajuda, o problema é que você nessas horas tem que encontrar um firmamento sozinho, sua mãe não vai entender, porque a princípio não há nada de errado com você, seus amigos não vão escutar, porque você está viajando, e então só você vai saber o que se passa dentro da sua cabecinha. Eu tentava fugir de todos os lugares, e mais ainda do único lugar que eu não podia fugir, nem nunca poderei: dos meus próprios pensamentos. Eu fiquei estática. Minha única fuga era a faculdade, que me preenchia como nada mais o conseguia fazer. Eu me sentia ruim, simplesmente porque eu estava negativa, tive medo até de que as pessoas me tocassem e sentissem isso em mim. Eu não conseguia explicar pras pessoas, e isso me deixava ainda mais aflita.
Mas porra, eu sempre soube nadar muito bem, como é que eu tô me afogando brother? Eu me toquei que não sou JESUS, que ele, claro, é o que devemos seguir, mas com calma, e não é nessa vida ainda que eu vou conseguir. Com muita labuta se anda pra frente, e a única forma de não caminhar pra frente, é não viver, é estagnar, justamente o que eu estava fazendo, dando pause na vida. Ora, eu num vim foi pra aprender? Então se joga doida. Mas eu tava mesmo era com medo de errar. Ah, mas eu não vou me afogar, jamais, eu aprendi a nadar foi no mar bixão. Então as crianças de novo sorriram pra mim, e o sol beijou a minha pele, e deu brilho aos meus cabelos. A lua me abençoa e me faz mulher a cada ciclo - again. Tirei dos meus olhos as teias e eles puderam ver o belo outra vez, como eu tinha esquecido da beleza desse céu? Agora basta pra mim eu e o vento batendo em meu rosto. Voltei a dançar, e minhas moléculas todas entraram em sincronia. Deus está comigo agora, sempre esteve, mas agora o deixo entrar. Eu tenho muito carinho pra dar, redescobri o meu valor, o valor das minhas palavras, o valor de ser quem eu sou. De precisar das coisas, pra saber que não preciso. A positividade voltou a me alicerciar, e eu não vou parar. O mundo tá aí, as coisas tão aí, o que importa é o jeito de olhar. Sou eu que decido sobre as coisas agora, não mais elas sobre mim. Bom dia gente, que eu estou a DESPERTAR.
A Bad trip é perigosa, mas não deixa assim de ser valiosa e lucrativa, num é que foi ela que me fez ver o valor da luz. E sabe o que me sustentou em toda essa escura jornada? O grande sentimento de que Deus ainda era por mim.







Orai e vigiai!

domingo, 7 de novembro de 2010

"Cada um no seu quadrado"



Sabe qual o problema de ficar adulto? De acordo com seus problemas e experiências você vai racionalizando tudo, e tirando conclusões sobre tudo. E vai relacionando vivências passadas a coisas ruins, pra poder não sofrer aquilo de novo. O GRANDE problema mesmo não é tirar conclusões em si, e sim achar que aquilo tem um formato mundial, que serve pra todos, que você é o grande dono da verdade. Claro, num grupo de amizades, onde o ambiente é o mesmo, se compartilham as mesmas filosofias de vida, geralmente as grandes sacadas servem de alguma coisa, claro, é um mesmo padrão. Foda é quando se quer dar uma opnião e nem se leva em conta a configuração de vida da outra pessoa, o que ela imagina sobre o mundo, porque cada um tem seu mundo, a física quântica explica isso. Tipo: aquela bobagem de livro dos sonhos e seus significados, já li muito, só que o que tem algum significado pro meu inconsciente, pode ter algum significado completamente diferente pro de outra pessoa.
Maravilhoso compartilhar com algum amigo suas grandes sacadas de sagacidade, mas no fundo, no fundo, é aquela parada do homem tentando encaixotar as emoções, colocar em potinhos pra poder manuseá-las, manipula-las. Coisa pequena, tá que nosso ego quer se dar bem numa maioria de vezes e somos induzidos a criar essas regrinhas que facilitam, FODA é achar que essa regra vale pro mundo inteiro. Viseira de burro. Tanta gente no mundo e como as pessoas pensam que suas verdades dariam certo com outro ser. Todo mundo quer relatar suas conclusões, mas ninguém quer escutar. Porra, antes de ficar dando um monte de conselho inútil, dá pra pelo menos escutar o lado da pessoa? O difícil facilitário do verbo ouvir. A arte de ouvir é parte importantíssima das relações, por isso o mundo tá tão assim. Sorte de quem aprendeu a escutar, e a cada vez escuta alguém com ouvido e processamento mental - não só com o ouvido, lapida o senso de alteridade, de que o próximo não é uma extensão de você mesmo e sim OUTRA pessoa com vivências e emoções diferenciados e cargas sentimentais completamente diferente das suas.

Já dizia Matanza:

Desconheço quem tenha razão
Acho perda de tempo qualquer discussão
Em defesa daquilo que o serve
Muito se fala, pouco se escreve
Há quem saiba o que ninguém mais sabe
E quem veja o que ninguém mais vê

Quem leva a sério o quê?
Quem quer saber de que?
Quem pode me dizer
Como exatamente todo mundo deveria ser

Coerência na persuasão
Pré-estabelecida está a conclusão
Se eu falar sobre o que não entendem
Poucos escutam, muitos se ofendem
A verdade é que não há verdade
Tudo é porque não há não ser



"A paz não precisa ser um sonho, basta o respeito mútuo eu suponho.." E esse respeito tem que ser mostrado com as pessoas que convivem ao nosso redor, que é de onde começa nossas relações sociais. É aquela coisa, se sabe conversar, vai conseguir interagir com qualquer pessoa desse mundo pô, mas se só quer falar de si, melhor a parada de cada um no seu quadrado, cada macaco no seu galho e pronto. Acho incrível o quadrado mágico, que coloquei até na imagem, todas as somas das linhas dão resultados iguais, mas têm sempre números diferentes. O ser humano é igual apenas em uma coisa, na capacidade de ser diferente, mas o resultado que busca é sempre igual: FELICIDADE. Mas na real, tem muita gente é falando merda, e se achando muito sagaz!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

"O bom humor faz de tudo tolerável..."


Num é que é.. As pessoas acabam rindo das misérias, fazendo piadas dos desastres, transformam tudo em humor negro, fazendo do ruim da vida um motivo pra gargalhar. Por um momento até que admirei isso nos brasileiros, estão sempre fudidos, mas sempre achando graça dessa fudilância. Mas não é que o povo se conforma, deixa de correr atrás, se conforma com as violências, com a falta de paciência, com a falta de educação, com a corrupção, com as insanidades. Os programas policiais do nordeste sensacionalizam total, e quantas vezes eu mesma não assisti rindo daquela miséria? E quando eu comecei a ficar séria, pensei por várias vezes: porra, tô perdendo a graça de viver, olho pras coisas e acho tudo errado, não dou mais risada, me apaguei pra vida. Louca que nada, só abri o meu olho, porque eu odeio a inércia, eu detesto o conformismo, eu acho que a mudança só parte de quem vê o lado ruim das coisas mesmo, questionar é necessário. A risada é pra equivaler ao pranto de ontem, mas o mundo que eu almejo, tem poucas lágrimas. Descobri que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero...